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José Aquino

José Aquino

O Líder e a Cultura de Equipe

Vários pontos são importantes para definir se alguém é líder e cito o mais fundamental: o líder tem seguidores. Não adianta ter uma série de características usualmente atribuídas a um líder se ninguém segue você.

Há muito material falando das características que um líder deve possuir. E existe até mesmo a idealização do líder, que precisa ser carismático, motivador, estrategista, focado em resultados e muito mais.

O perigo que corremos é criar um personagem de ficção. Somos humanos e falíveis, não existe líder perfeito.

Claro que precisamos de modelos. Mas não podemos entrar em uma busca sem fim pelo Super Homem, até mesmo porque ele também falha se for atacado com kryptonita.

Além disso, se o líder for sempre um herói, o comportamento natural dos liderados será o de vítima. Por que assumir responsabilidades se tenho alguém que salva a minha pele o tempo todo?

Vários pontos são importantes para definir se alguém é líder e cito o mais fundamental: o líder tem seguidores. Não adianta ter uma série de características usualmente atribuídas a um líder se ninguém segue você.

Se um líder precisa ter liderados, é fundamental que entenda como lidar com os perfis das pessoas. Como sabemos, essas pessoas também são falíveis, motivadas por interesses próprios, tem idades e experiências distintas, enfim, são um universo dinâmico.

Sendo assim, podemos definir um perfil ideal de liderança? É simplista trabalhar desse modo. Um bom líder precisa entender e se adaptar ao contexto em que se encontra.

É comum pessoas em cargos de liderança deixarem de ter resultados quando colocadas em uma nova equipe ou em outro setor. Elas desaprenderam o que sabiam? Ficaram incompetentes de repente?

Não, mas estavam acostumados a fazer as coisas de um determinado modo. E erram ao imaginar que não precisarão mudar quando o cenário se altera.

Bons líderes entendem muito sobre pessoas e sobre contextos. Logo, entendem de cultura.

Cultura pode ser definida como o modo em que as pessoas se organizam para aumentar a eficiência dos processos de solução das questões cotidianas. É daí que surgem os hábitos, regras e tradições.

Diferentes grupos, em diferentes regiões, com diferentes sistemas políticos e sociais, vão desenvolver lógicas distintas. Da mesma forma, dentro da empresa existirão várias culturas, criando contextos distintos.

Perceber as diferenças exige atenção por parte do líder, nem tudo é mostrado de forma clara. A cultura de uma pessoa se apresenta em camadas: as mais externas são simples de perceber e envolvem coisas como o modo de falar, o que come, como se veste, onde mora e seus gostos pessoais.

Camadas intermediárias não são tão visíveis, é preciso que o líder veja os detalhes. Tratam das normas e valores de cada membro da equipe, aprendidos ao longo da formação do indivíduo e que influenciam comportamentos e pensamentos sem que se tenha consciência disso.

Por exemplo, preste atenção em como cada pessoa cumprimenta as outras. Você verá que as diferenças estão lá e que as pessoas fazem isso de modo automático.

Mais fundo ainda temos o núcleo. É onde estão as crenças chave de cada um. Não são visíveis, não são facilmente acessíveis e influenciam muito o comportamento.

São as coisas em que acreditamos mesmo sem evidências concretas de que são verdadeiras. São as verdades de cada um de nós.

Um exemplo simples: quem acredita que um jeans não pode custar mais que 300 reais, por mais treinamento que receba, não terá grande sucesso como vendedor de roupas de grife.

Existe uma crença chave que impede a pessoa de se sentir realizada com aquilo, então ela vai boicotar a venda de alguma forma. E não adianta o líder dizer o que deve ser feito, o único modo é alterar essa crença, construindo uma nova verdade individual.

Quanto mais o líder conhecer sobre sua equipe, melhor. Não é possível saber tudo sobre todos, mas é possível reconhecer as diferenças entre as pessoas.

E é fundamental que o líder conheça bem a si mesmo, perceba suas crenças, seus “pré-conceitos” e mantenha uma atitude positiva em relação a essas diferenças.

Assim, o líder poderá se colocar no lugar do outro de forma mais rica e isso o levará a uma comunicação e a um comportamento mais adequados ao contexto, gerando confiança e influenciando o comportamento dos liderados.

Traçar objetivos claros, definir responsabilidades e dar feedback são questões fundamentais para ser um líder. Mas cada líder é diferente, pois cada pessoa é diferente. Não há uma receita de bolo.

Imaginar que um estilo de liderança vai funcionar em qualquer situação é temerário e se você deseja ser um bom líder, aprenda a se adaptar ao cenário que se apresenta e a influenciá-lo com suas atitudes.

A equipe é um organismo vivo, cada um tem necessidades e desejos distintos e o líder deve administrar essas diferenças para atingir o objetivo.

O papel do líder é compreender que os liderados possuem culturas diversas e, respeitando e valorizando essa variedade, criar um caminho alternativo, uma terceira via. Um caminho que permita seguir em conjunto, sem que haja a imposição de uns sobre outros.

(Autor: José Aquino. Publicado pela Editora Ser+ em 2013)

José Aquino

Especialista em Estratégia, Vendas, Liderança e Desenvolvimento de Equipes, fez carreira como executivo em empresas de diferentes segmentos, inclusive fora do país. Curioso por natureza e interessado em compreender mais sobre o ser humano, também estudou Psicologia Positiva, Neurociência, Coaching e PNL. É palestrante da Semana Global do Empreendedorismo, integrou o Comitê de Capital Humano da Câmara Sueca de Comércio, é autor de dezenas de artigos e é co-autor do livro “Coaching: grandes mestres ensinam como estabelecer e alcançar resultados extraordinários na sua vida pessoal e profissional”.

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